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terça-feira, 30 de abril de 2013

HISTÓRIA DA IGREJA - PARTE VI

OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO "PAULICIANOS"
Os Paulicianos podem ter sido o mais antigo grupo de anabatistas que se conhece. A falta de dados sobre o seu princípio, e o falso relato das igrejas orientais sobre eles dificultam uma data exata para o inicio desse movimento.

A Origem dos Paulicianos;
As tradições narradas pelos monges da igreja grega, dizem que os paulicianos surgiram na segunda metade do século sétimo, tendo como fundador um tal Constantino. Realmente Constantino , um pastor pauliciano, existiu. Mas era simplesmente uma pastor, que, em 690 A.D., foi morto por lapidação por ordem dos bispos gregos.
Na História de Gibbon, VI, pg 543, Gibbon classifica o paulicianismo como a forma primitiva do cristianismo:
"De Antioquia e Palmira deve ter sido espalhada a Mesopotâmia e a Pérsia; e foi nestas regiões que se formou a base da fé, que se espalhou desde as cordilheiras do Tauro até o monte Arará. Foram estas a forma primitiva do Cristianismo.
Noutro lugar, V, pg 386, diz ele:
"O nome pauliciano, dizem os seus inimigos que se deriva de algum líder desconhecido; mas tenho certeza de que os paulicianos se gloriaram da sua afinidade com o apóstolo aos gentios".
No livro A Chave da Verdade, escrito pelos próprios paulicianos, citado por Gregório Magistos no décimo primeiro século, e descoberto pelo Sr. Fred C. Conybeare, de Oxford, em 1891, na Biblioteca do Santo Sínodo, em Edjmiatzin da Armênia, afirma nas páginas 76-77 que são de origem apostólica:
"Submetamo-nos então humildemente à Santa igreja universal, e sigamos o seu exemplo, que, agindo com uma só orientação e uma só fé, NOS ENSINOU. Pois ainda recebemos no tempo oportuno o santo e precioso mistério do nosso Senhor Jesus Cristo e do pai celestial: a saber, que no tempo de arrependimento e fé. Assim COMO APRENDEMOS DO SENHOR DO UNIVERSO E DA IGREJA APOSTÓLICA, prossigamos; e firmemos em fé verdadeira aqueles que não receberam o santo batismo (na margem: a saber, os latinos, os gregos e armênios que nunca foram batizados); como assim nunca provaram do corpo nem beberam do santo sangue do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, de acordo com a Palavra do Senhor, devemos trazê-los a fé, induzi-los ao arrependimento, e dar-lhes o batismo - rebatizá-los." Fica claro que eles não se denominavam paulicianos, porém, "a igreja Santa, Universal e Apostólica". As igrejas romanas, gregas e armênias, eram duramente condenadas por eles. Condenavam principalmente o batismo por imposição (praticado pelos imperadores) e o batismo infantil.
Outro relato interessante é o do professor Wellhausen, na biografia que escreveu sobre Maomé, na Enciclopédia Britânica, XVI, pg 571, pois ali os paulicianos são chamados de "sabian", que é uma palavra árabe que significa "batista".

Crescimento e Perseguição dos Paulicianos
Na enciclopédia acima mencionada diz que os sabianos - ou batistas - encheram com seus adeptos, a Siria, a Palestina, e a Babilônia. O maior grupo estava fixado nas regiões montanhosas do Arara e do Tauros. O motivo de escolherem este lugar de tão difícil acesso é a perseguição movida contra eles pelas igrejas gregas. Enquanto Montanistas, Novacianos e Donatistas eram perseguidos mais pelas igrejas romanas, as igrejas gregas perseguiam os paulicianos no oriente.
O crescimento não podia deixar de despertar os inimigos. No ano de 690, o já mencionado pastor Constantino, foi apedrejado por ordem do imperador, e seu sucessor queimado vivo. A imperatriz Teodora instigou uma perseguição na qual, dizem, foram mortos na Armênia cem mil paulicianos.
Por incrível que pareça foram tolerados por muito tempo pelos maometanos. Isso deixou-os a vontade e foram eles os grandes missionários da idade das trevas entre os anabatistas. Espalharam-se pela Trácia em 970, pela Bulgária, Bosnia e Servia após o ano 1100. Em todos estes lugares foram como missionários enviados pelas igrejas paulicianas. O historiador Orchard revela que "um número considerável de paulicianos esteve estabelecido na Lombardia, na Insubria, mas principalmente em Milão, aí pelo meado do século onze e que muitos deles levaram vida errante na Franca, na Alemanha e outros países, onde ganharam a estima e admiração da multidão pela sua santidade. Na Itália foram chamados de Paterinos e Cátaros. Na França foram denominados búlgaros, do reino de sua emigração, também publicanos e boni homines, bons homens; mas foram principalmente conhecidos pelo termo albigenses, da cidade de Albi, no Languedoc superior".
Em 1154 um grupo de paulicianos emigrou para a Inglaterra, tangidos ao exílio pela perseguição. Uma porção deles estabeleceu-se em Oxford. Willyan Newberry conta do terrível castigo aplicado ao pastor Gerhard e o povo. Seis anos mais tarde outra companhia de paulicianos entrou em Oxford. Henrique II ordenou que fossem ferreteados na testa com ferros quentes, chicoteados pelas ruas da cidade, suas roupas cortadas até a cintura e enxotados pelo campo aberto. As vilas não lhes deviam proporcionar abrigo ou alimento e eles sofreram lenta agonia de frio e fome." É interessante lembrar ao leitor, que João Wycliff (1320-1384), considerado a "estrela d’alva" da Reforma, iniciou justamente em Oxford sua luta para reformar a podridão do catolicismo. Sem dúvida ele teve algum contato com algum sobrevivente dos paulicianos.
A partir do século XII o nome pauliciano foi caindo em desuso. Conforme suas emigrações e campos missionários, foram recebendo novos nomes ou se fundindo com os outros grupos de anabatistas da Europa. No sul o nome perdeu-se entre os albingenses e valdenses. No centro e norte da Europa foi aos poucos prevalecendo o nome de "anabatistas".

IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS DO SÉCULO XII a XV
Os anabatistas dos séculos XII ao XV são a continuação ou os descendentes diretos dos anabatistas primitivos. A única coisa que vai mudar é o sobrenome do apelido. Vimos que na primeira geração de anabatistas havia quatro grandes correntes, que ia desde o Oriente Médio até a Europa. A partir do século XII, a mais forte destas correntes (os paulicianos) fundiu sua identidade com os irmãos europeus que serão estudados neste capítulo.
Dois grandes grupos de anabatistas apareceram neste período. Esse número pode ser bem maior, mas me falta conhecimento para integrá-los aos demais. Não é nossa idéia trabalhar com hipóteses. Trabalhamos com declarações e documentos de estudiosos no assunto de história das igrejas. Por isso consideraremos apenas dois grupos como autênticos anabatistas. São eles: Os albingenses e os Valdenses. A história de amor pela palavra de Deus, e a perseguição que sofreram decorrente deste amor, é uma das histórias mais lindas e tristes que já li.

OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO ALBIGENSES
Após os quatro grupos primitivos de anabatistas os albigenses é o primeiro a se destacar como seus descendentes. Já se notou que os montanistas, donatistas e novacianos, após a investida de Roma e Constantinopla sobre eles, foram obrigados a se refugiar na região dos Pirineus, sul da Franca. Também os paulicianos a partir do século XI se fixaram nestes lugares. Foi exatamente assim que Deus guardou sua igreja pura e viva, para descobri-la novamente ao mundo e pregar as boas novas. Os velhos nomes morreram, mas a fé permaneceu a mesma. A doutrina também não mudou. Também não mudou o costume de rebatizar os católicos, e por isso todos os dois grupos eram identificados como seus antecessores, ou seja, "anabatistas".

A Origem dos Albigenses
Alguns historiadores traçam a origem dos albigenses como tendo provindo dos paulicianos (Enc. Brit. I pg 45), enquanto outros afirmam que eles se achavam no sul da França desde os primeiros dias do cristianismo. Este apelido não provém do nome de um pastor famoso, como por exemplo os novacianos. É um apelido proveniente do lugar onde os anabatistas se encontravam. Albi era uma cidade no distrito de albigeois, no sul da França.
Após a perseguição desencadeada por Roma e Constantinopla sobre os montanistas, novacianos e donatistas, estes três grupos, sem exceção, ficaram impedidos de pregar nas cidades do ocidente e do oriente onde prevalecia o poder papal. A prática de rabatizar os católicos era punida com a morte. Então, num gesto de conseguir a sobrevivência da fé e da ordem apostólica, estes grupos procuraram esconder-se nos Alpes e nos Pirineus. Ao chegarem nestes lugares perderam o antigo apelido e foram conhecidos por outros apelidos: ALBIGENSES - pelo lugar onde se refugiaram; CÁTAROS - Devido a pureza de vida que levavam; HOMENS BONS - Pela inegável integridade desses crentes; e ANABATISTAS - por rebatizaram os que vinham do catolicismo romano ou ortodoxo.
Não existia diferença entre as doutrinas dos recém-chegados a esse refugio - como foi o caso dos paulicianos - e os anabatistas já instalados ali há quase um milênio - a saber, os montanistas, novacianos e donatistas. Mesmo vindos de cantos totalmente diferentes e de diversos lugares do mundo antigo, ao chegarem nos vales dessas montanhas, uniam-se facilmente uns com os outros. O crescimento dos anabatistas neste lugar fez o dr. Allix calcular o seu número em três milhões e duzentos mil pessoas só nos Pirineus. (O batismo Estranho e os Batistas, pg 63). É maravilhoso saber como Deus guardou os anabatistas por tantos séculos e depois ajuntou-os num mesmo lugar. É maravilhoso saber que a podridão do catolicismo não conseguiu penetrar nessas igrejas de Jesus Cristo por todos estes séculos.

Perseguição contra os albigenses
Qualquer pessoa pode por si mesma fazer um estudo minucioso sobre as atrocidades cometidas contra os albigenses. O que o catolicismo fez por mais de um século contra esse grupo de anabatistas pode ser lido em qualquer biblioteca de uma simples escola pública. Basta pegar uma enciclopédia e abrir na página de Inocencio III. Este papa católico foi um dos muitos que mataram friamente anabatistas por mais de mil e trezentos anos. Só que as atrocidades deste papa foram todas registradas e não podem ser escondidas da sociedade. Para a igreja católica ele é um santo. Para mim o mais usado por Satanás de seu tempo.
O Papa Inocencio III (1198-1216) desencadeou contra os anabatistas de albi o que foi chamada de "a quarta cruzada". A chacina, iniciada em fins do século XII, iria se prolongar até meados do século XIII. Centenas de milhares de albigenses - também chamados de cátaros e bons homens, foram cruelmente assassinados pelo mandato papal. Houve em 1167 na cidade de Toulouse o chamado "concílio albigense". Assunto: Tratar simplesmente dos hereges anabatistas que lá viviam. O resultado desse concílio foi a quarta cruzada posta em vigor pelo papa Inocencio III. Em 22 de Julho de 1209, quase toda a população de Béziers foi massacrada. O papa Inocencio e seus sucessores, em nome de Deus, matava anabatistas como se mata porcos. Alguns albigenses que conseguiram se refugiar em Montségur (foram estes os últimos albigenses anabatistas a assim serem chamados), conseguiram sobreviver até o ano de 1244. O escritor Nicolas Poulain assim descreveu o seu fim:
` "A 16 de Marco de 1244, os sitiadores prepararam uma enorme fogueira no sopé do rochedo de Montségur. Então, os 200 sobreviventes saíram do refúgio e desceram em lenta procissão até seus carrascos. Os sãos sustinham os enfermos; de mãos dadas, entoavam hinos religiosos. Entre eles, havia uma mãe com sua filha doente... impassíveis, todos entraram nas chamas... o local onde foi erguida a fogueira ainda é conhecido como o "campo dos queimados"; ali se erigiu uma esta funerária onde foi gravada a seguinte inscrição: "EM MEMÓRIA DOS CÁTAROS, MÁRTIRES DO PURO AMOR CRISTÃO."
E ainda há quem defenda um homem como Inocencio III. E ainda há quem ache a igreja católica ser a igreja que Jesus deixou. Não, não é. Deus não tem assassinos como pastores. Sua igreja não é uma igreja assassina, pois, "a porta do inferno não prevalecerá contra minha igreja." Se o leitor duvida do que aqui está escrito procure saber por si mesmo a verdade. Mas busque a verdade.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

HISTÓRIA DA IGREJA - PARTE V

IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS ATÉ O SÉCULO XII

Não é fácil traçar um lugar exato para o movimento dos anabatistas, pois os mesmos mudavam-se durante os períodos de graves perseguições. Outro problema é o apelido que eles levavam. Houve tempo em que mais de um apelido foi usado para designar o mesmo grupo de pessoas, é o caso dos montanistas na Ásia, Paulicianos na Armênia e Donatistas na África do Norte, todos viveram na mesma época entre os séculos IV ao VIII. No período que vai desde o ano 160 até 1100, houve pelo menos quatro grandes e influentes grupos de anabatistas. São eles: Os Montanistas - principalmente na Ásia Menor; Os Novacianos - Na Ásia Menor e na Europa; Os Donatistas - por toda a África do Norte; e os Paulicianos - primeiramente no oriente médio, indo para o centro europeu e de lá para os Alpes no sul e regiões campestres no norte da Europa.
Os apelidos que receberam derivavam-se ou de um nome pessoal (exemplo: Donatistas de Donato) ou podia ser derivado de um lugar (exemplo: Albingenses da cidade de Albi no sul da Franca). Porém, o que mais importava nestes quatro grupos, não era o nome que recebiam, mas se realmente eram fiéis às doutrinas da Bíblia.

OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO "MONTANISTAS"
Oficialmente os "montanistas" foram os primeiros cristãos a serem chamados de anabatistas pelos cristãos infiéis ou hereges. O apelido montanista vem do nome próprio MONTANO, que foi um pastor frígio que viveu aí por volta de 156 A.D.
Foi um movimento que varreu toda Ásia Menor num momento em que as igrejas estavam sendo destruídas pelas heresias da Salvação pelo batismo e a idéia de um bispo monárquico. Os montanistas insistiam em que os que tivessem decaído da primeira fé deveriam ser batizados de novo.
O historiador contemporâneo Earle E. Cairns diz que o movimento "foi uma tentativa de resolver os problemas de formalismo na igreja e a dependência da igreja da liderança humana quando deveria depender totalmente do Espirito Santo." E também acrescentou que o "montanismo representou o protesto perene suscitado dentro da igreja quando se aumenta a força da instituição e se diminui a dependência do Espirito Santo." (O Cristianismo através dos Séculos, pg 82 e 83).
Como sua mensagem era uma necessidade para as igrejas o movimento espalhou-se rápido pela Ásia Menor, África do Norte, Roma e no Oriente. Algumas igrejas grandes chegaram mesmas a serem chamadas de Montanistas. Foi o caso da igreja de Éfeso. Tertuliano, considerado um dos maiores Pais da Igreja, por ser bom estudante da Bíblia, atendeu aos apelos do grupo e tornou-se montanista. Apesar de serem radicais quanto as regras de fé de uma igreja era povo humilde e manso.
As igrejas erradas logo reagiram contra esse movimento. No concílio de Constantinopla, em 381 (portanto nesta época a igreja e o Estado já estavam casados um com o outro), os pastores das igrejas heréticas ou católicas declararam que os montanistas deviam ser olhados como pagãos, serem julgados e mortos.
As igrejas erradas tinham verdadeiro ódio aos montanistas. O próprio Montano é visto como um arqui-herege da Igreja. Os livros inventam e condenam o movimento chamando-o de pagão e anti-cristão. Na verdade pagãos e anti-cristãos eram os membros das igrejas erradas. Assim que as igrejas erradas se casaram com o Estado veio a perseguição das mesmas contra os montanistas.

OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO "NOVACIANOS"

O segundo grupo de anabatistas oficialmente conhecidos são os "novacianos". Assim como os montanistas este apelido é proveniente do nome próprio "Novácio". Novácio foi um pastor da Ásia Menor que viveu cerca de 251 A.D. Pouco sabemos sobre sua pessoa, mas a julgar pelos membros de sua igreja foi um homem fiel a Deus. Os novacianos foi o primeiro grupo a ser chamado de catharis, ou seja, os puros. Isso devido a pureza de vida que levavam. Temos algumas informações a respeito destes anabatistas pelos maiores historiadores da historia da Igreja:
Mosheim, Vol. I, pag 203
"Rebatizavam a todos que vinham do Catolicismo".
Orchard em Alix’s Piedmont C 17, pg.. 176
"As igrejas assim formadas sobre o plano de comunhão restrita e rígida disciplina obtiveram a alcunha de puritanos. Foram a corporação mais antiga de igrejas cristãs das quais temos qualquer notícia, e uma sucessão delas, provaremos, continuou até hoje. Tão cedo como em 254 esses dissidentes (cristãos verdadeiros) são acusados de terem infeccionado a França com as suas doutrinas, o que nos ajudará no estudo dos albingenses...
Estas igrejas existiram por sessenta anos sob um governo pagão, durante cujo tempo os velhos interesses corruptos em Roma, Cartago e outros lugares não possuíam meios senão os da persuasão e da censura para pararem o progresso dos dissidentes. Durante este período as igrejas novacianas foram muito prósperas e foram plantadas por todo o império romano. É impossível calcular o benefício do seu serviço a comunidade. Conquanto rígidos na disciplina, cismáticos no caráter, foram achados extensivos e numa condição florescente quando Constantino subiu ao trono em 306 A.D."
W. N. Nevins, comenta que:
"Na conclusão do quarto século tinham os novacianos três ou quatro igrejas em Constantinopla, assim como em Nice, Nicomédia, Cocíveto e Frigia, todas elas grandes e extensivas corporações, além de serem muito numerosas no Império Ocidental. Havia diversas igrejas em Alexandria no século quinto. Aqui Cirilo, ordenado bispo dos Católicos Romanos, trancou as igrejas dos novacianos. O motivo foi o rebatismo dos católicos. Foi lavrado um édito em 413 pelos imperadores Teodósio e Honório declarando que todas as pessoas rebatizadas e os rebatizadores seriam punidos com a morte. Conformemente, Albano, zeloso ministro com outros foi assim punidos por batizar. Como resultado da perseguição nesse tempo muitos abandonaram as cidades e buscaram retiro no país e nos Vales do Piemonte, onde mais tarde foram chamados de valdenses.".
O Dr. Robinson em Eclesiastical Reserches, 126 traça a sua continuação até a reforma e a aparição do movimento anabatistas do século. XVI. E acrescenta: "Depois quando as leis penais os obrigaram a se esconder em lugares retirados e a adorarem a Deus secretamente, foram designados por vários nomes".
Parece que o movimento dos novacianos, apesar de iniciar um século depois do movimento montanista, cresceu mais que o primeiro, pelo menos no ocidente. Enquanto o Montanismo crescia na Ásia Menor e no Oriente, os novacianos cresciam mais no ocidente. Um terceiro grupo, os donatistas, cresciam mais na África do Norte.

OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO "DONATISTAS"

Os donatistas foram o terceiro grupo a serem oficialmente chamados de anabatistas. Foram assim chamados devido serem da mesma opinião que Donato, pastor na cidade de Cartago por volta do ano 311 A.D.
A Origem dos Donatistas
Este movimento apareceu em Cartago durante a perseguição de Diocleciano. O motivo foi simples: Recusaram comunhão comum com os pastores apóstatas como foi o caso de Felix, pastor da maior igreja em Cartago. Felix sacrificou aos ídolos e ao imperador na perseguição de Diocleciano. Muitos fiéis morreram na mesma época por recusar agir da mesma forma. Findada a perseguição Felix ordenou ao ministério Ciciliano, acusado de ser um traidor. Donato solicitou a sua deposição, pois, sustentava que o fato de não ter sido fiel no tempo da perseguição invalidava a possibilidade de Felix ordenar. Esta solicitação é justa e bíblica. Se um pastor é deposto de seu cargo por cair na apostasia que direito ele terá de ordenar alguém? Apoiado pelos pastores das grandes igrejas do ocidente, Felix permaneceu no cargo. Desapontados em ver as escrituras sendo atropeladas os cristãos fiéis do norte da África fizeram o mesmo que os do Oriente, Ásia Menor e do Ocidente, excluíram da comunhão os pastores e igrejas infiéis. Os que assim agiram foram conhecidos como Donatistas.
A Identificação dos Donatistas com os outros grupos de anabatistas
Donatistas e Novacianos eram idênticos em sua doutrina e disciplina. Crispim, historiador francês, diz deles que concordavam:
"Primeiro, pela pureza dos membros da igreja, por afirmarem que ninguém devera ser admitido na igreja senão tais como verdadeiros crentes santos e reais. Depois pela pureza da disciplina da igreja. Terceiramente, pela independência de cada igreja. Quartamente, eles batizavam outra vez aqueles cujo primeiro batismo tinham razão de por em duvida".
Não há dúvida de que a maior identificação que liga os quatro grupos de anabatistas primitivos - montanistas, novacianos, donatistas e paulicianos - foi a recusa em aceitar as heresias pós-apostólicas das igrejas erradas. Isso levou-os a rebatizar os membros vindos dessas igrejas e consequentemente recusar a comunhão com as mesmas. O certo é que todas, por defender as verdades bíblicas, receberam o apelido de anabatistas.

Os Donatistas perseguidos verbalmente por Agostinho;
Um fato interessante da história dos donatistas é a disposição de Agostinho, o tão famoso pai da igreja, em debater esses fiéis, mais precisamente ao bispo donatista Petiliano. Agostinho tentou censurá-los em palavras, mas diante da Bíblia não houve como vencê-los, pois a Bíblia dava-lhes razão. Perdendo o combate em palavras, Agostinho passou a persegui-los com a espada imperial. Condenou os donatistas nas seguintes questões:
- Eram separatistas. Negavam-se a unirem com as igrejas oficiais;
- Insistiam no rebatismo dos que passavam da igreja oficial para a deles;
- Eram irredutíveis em questão de fé;
O bispo donatista Petiliano, contra quem Agostinho debateu, assim respondeu ao bispo católico: - "Pensai vós em servir a Deus matando-nos com as vossas mãos? Enganais a vós mesmos. Deus não tem assassinos por sacerdotes. Cristo nos ensina a suportar a perseguição, não vingá-la". E o bispo donatista Gaudencio diz: - "Deus não nomeou príncipes e soldados para propagarem a fé. Nomeou profetas e pescadores".
Os bispos católicos (alguns na África) começaram uma nova moda a partir de 370 A.D. Foi a de batizar criancinhas recém-nascidas. Uma idéia prontamente defendida por Agostinho, que fez o seguinte comentário: " Quem não quer que as criancinhas recém-nascidas do ventre das suas mães sejam batizadas para tirarem o pecado original... seja anátema". Essa idéia tão anti-bíblica foi totalmente recusada pelos donatistas. Aumentou assim as divergências entre católicos e donatistas.

O Crescimento dos Donatistas;
O crescimento desse grupo de anabatistas foi espantoso. No concílio feito por Teodósio II em 441 na cidade de Cartago, compareceram 286 bispos da igreja oficial e 279 bispos donatistas. Robinsom declara que: "tornaram-se tão poderosos que a corporação católica invocou o interesse do imperador Constantino contra eles, pelo que os donatistas inqueriram: - que tem o imperador a ver com a igreja? Que tem os cristãos a ver com o rei? Que tem os bispos a ver no tribunal?". O historiador Orchard, relatou que: "tornaram-se quase tão numerosos como os católicos romanos". E o historiador Jones diz na sua Conferencia Eclesiastica, Vol. I, pg 474: "Rara era a cidade ou vila na África em que não houvesse uma igreja donatista".

A Perseguição contra os Donatistas;
O crescimento foi tanto que espantou Constantino.. Este imperador, que dizia-se cristão, encheu as igrejas oficiais de favores. Na História da Igreja Católica, página 20, temos o seguinte relato: "O clero foi colocado no mesmo pé de igualdade dos sacerdotes pagãos em matéria de isenção e obrigação civis. Eram permitidos os testamentos em favor da igreja". No mesmo livro na página vinte diz: "Constantino fez doações, saídas do tesouro público a igreja que começava a acumular bens e grandes rendimentos".
Estes favores porém, só eram concedidos as igrejas oficiais, justamente aquelas que venderam a fé por privilégios humanos, aquelas que desde o princípio precisaram ser excluídas por mudarem até o plano de salvação. Na página 24 do livro já mencionado, segue-se o seguinte relato: "Aboliram a lei da crucificação, porém, não estendeu nenhum desses favores aos cristãos dissidentes, os montanistas por exemplo. No seu entusiasmo de preservar a unidade de fé e disciplina, o imperador mostrou-se tão ativamente hostil para com os dissidentes, tais como os donatistas, que qualquer um que novamente estivesse preocupado com a futura liberdade da igreja teria passado um mal bocado". No livro O Papado na Idade Média, pagina 24, esse relato é confirmado: "Constantino não podia tolerar, especialmente a diversidade das crenças e dos cultos que caracterizava a igreja enquanto ainda vaga a confederação. Manifestou essa resolução imediatamente, quando, após os sínodos pouco categórico de Roma, Cartago, e Arles, condenou pessoalmente os donatistas no ano de 316 A.D.
O movimento foi praticamente exterminado com a chegada dos muçulmanos. Em 722 A.D. o islamismo tomou conta do norte da África. As igrejas cristãs na África, tanto donatistas, como as católicas - tanto as de rito ocidentais como as orientais - foram destruídas. O movimento sobreviveu com outros nomes em outros lugares. Os que conseguiram sobreviver foram para o sul da França, em Albi, para os Alpes no sul da Europa, como o Piemonte. Devido aos decretos de punição com a morte de quem não batizasse as criancinhas, ficaram os donatistas praticamente impedidos de entrar nas cidades ocidentais e orientais da Europa.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

História da Igreja - Parte IV

AS PERSEGUIÇÕES CONTRA OS ANABATISTAS

Foram duas fases distintas de perseguição. Na primeira fase a perseguição foi sofrida juntamente com as igrejas erradas, pois, para todos os efeitos, os pagãos não saberiam bem distinguir quem era o certo e quem era o errado. Aos pagãos o que interessava era eliminar o cristianismo. Essa fase durou até o ano de 313 A.D. A partir desta data, o Imperador Constantino fez uma proposta de casar o Estado com a Igreja. As igrejas erradas aceitaram o convite. As fiéis não. Começou então a segunda fase de perseguição. Neste período vemos as igrejas fiéis sofrendo perseguições nas mãos de igrejas erradas. Abaixo temos um breve relato destas duas fases de perseguição.

PERSEGUIDAS JUNTO COM AS IGREJAS ERRADAS ATÉ 313 A.D.
Até o ano de 3l3 A.D. os cristãos - fiéis ou errados - sofriam as perseguições vindas com os editos lançados pelos imperadores. As primeiras conhecidas foram as de Nero (54-68). Pedro e Paulo morreram nesse período. A perseguição estourou pela segunda vez em 95 durante o governo despódico de Domiciano. Foi nesse período que o apóstolo João ficou preso em Patmos. Outras se deram em ll2 por Plínio e em 161-180 por Marco Aurélio. Estas perseguições foram locais e esporádicas até o ano de 250, quando se tornaram gerais e violentas, começando com uma dirigida por Décio. Muitos pastores se desviaram nesta perseguição. Em 303 Diocleciano ordenou o fim das reuniões cristãs, a destruição de igrejas, a deposição dos oficiais da igreja, a prisão daqueles que persistissem em seu testemunho de Cristo e a destruição das escrituras pelo fogo. Um ultimo édito obrigou os cristãos a sacrificarem aos deuses pagãos sob a pena de morte caso recusassem.
Esta primeira fase de perseguição criou dois problemas internos que necessitavam de solução. Um dos problemas foi as duas duras controvérsias que tiveram lugar no Norte da África e em Roma, envolvendo a maneira de tratar aqueles que tinham oferecido sacrifícios em altares pagãos, quando da perseguição movida por Décio, e aqueles que entregaram Bíblias na perseguição dirigida por Diocleciano. As igrejas fiéis depuseram do cargo os pastores que caíram durante este período. Foi o caso do bispo de Cartago, Felix. Já as igrejas erradas achavam que estava tudo bem, afinal de contas eram tempos de perseguição. Assim, apoiado pelo bispo de Roma, Felix manteve-se no cargo de pastor. Esta atitude separou ainda mais as igrejas fiéis das erradas. Os donatistas surgiram desta questão.
A perseguição movida por Diocleciano provocou o segundo problema, que foi o do Cânon do Novo Testamento. Se o possuir epistolas podia levá-los a morte, os cristãos precisavam estar seguros de que os livros pelos quais poderiam padecer a morte eram realmente livros canônicos. Esta preocupação ajudou nas decisões finais acerca de qual literatura era sagrada. Foi assim que resolveu-se aceitar os atuais vinte e sete livros do Novo Testamento seguindo a seguinte idéia: Verificar se ele tinha sinais de apostolicidade; Verificar se foi escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos apóstolos; Verificar a eficácia do livro na edificação da igreja quando lido publicamente; e verificar sua concordância com a regra de fé dos apóstolos.

PERSEGUIDAS PELAS IGREJAS HERÉTICAS A PARTIR DE 313 A.D.
Em 313, com o edito de Milão, Constantino fez cessar a perseguição aos cristãos em todo o império e gradualmente foi cumulando-os de favores. O imperador logo percebeu a clara divisão entre os cristãos. Percebera a importância de ser apoiado pela hierarquia de uma religião poderosa. Mas precisava que essa hierarquia fosse unânime em sua fidelidade ao Estado. Assim, embora pagão, presidiu concílios da Igreja e obrigou-a a unificar-se. Devido a essa atitude foi prontamente contrariado pelos anabatistas. Indignado, e aliando-se aos cristãos errados, baniu e perseguiu os fiéis que não concordaram com sua unificação das igrejas. Começaram as terríveis perseguições das seitas cristãs oficiais - protegidas pelo imperador - contra as não oficiais, os anabatistas, que se mantiveram independentes do governo. Pela primeira vez na história, a partir do ano 313, encontramos a página mais triste da história das igrejas. Encontramos cristãos errados perseguindo os cristãos fiéis. Esta perseguição, além de visar o extermínio dos anabatistas, também foi a mais longa. Durou mais de mil e trezentos anos, vindo a terminar após a Reforma no século XVII.
As heresias que levaram as igrejas erradas a serem excluídas eram de princípio duas: Salvação pelo batismo e a idéia de um bispo monárquico. Agora, com a igreja se tornando a religião oficial do Estado, e estando sob a orientação e o comando do Imperador, temos mais uma heresia, e esta feriu a independência da igrejas para com o Estado. Para a infelicidade dos fiéis, era esta uma heresia que dava muita força aos cristãos errados. Os pastores das igrejas heréticas tornaram-se mais fortes do que já eram. O bispo de Roma logo despontou como soberano sobre os demais. Até algumas igrejas fiéis, vendo neste casamento o cessar da perseguição, debandaram de lado, diminuindo consideravelmente o número das igrejas fiéis às escrituras.
Protegidos e armados com o apoio dos imperadores as igrejas heréticas mostraram sua verdadeira face. A face da intolerância. A face de um caráter depravado que não tinha nada de Cristo. A face do ódio contra quem era fiel a Cristo. Liderados pelo bispo Romano no Ocidente e pelo bispo de Constantinopla no Oriente as igrejas heréticas passaram a perseguir cruelmente as igrejas fiéis. Proibiu-se o direito de culto; proibiu-se a livre interpretação das escrituras; proibiu-se o rebatismo; Quem não pertencesse a igreja oficial - ou Católica - seria perseguido e condenado a morte. Qualquer pessoa que fosse rebatizada pelos anabatistas sofreria a pena de morte. Os pastores anabatistas foram a uma condenados à fogueira, ao afogamento, a tortura e toda sorte de assassinado e extermínio possível.
Assustados com a perseguição e na busca da sobrevivência, as igrejas fiéis fugiam de lugar a lugar. Iniciou-se o período de migração dos anabatistas para os países onde havia a tolerância religiosa. Portanto, a partir do século. IV vamos encontrá-los em diversos países e com diversos nomes. No capítulo seguinte será estudada estas fugas mais detalhadamente.

A FUGA DOS ANABATISTAS

MOTIVO DA FUGA: A INQUISICÃO
Foi visto no capitulo anterior que o motivo da fuga dos anabatistas deveu-se ao plano de extermínio por parte das igrejas heréticas. O plano, primeiramente elaborado pelo imperador Constantino, foi seguido pelos seus sucessores e levado a cabo pelos bispos das principais igrejas heréticas como a de Roma e Constantinopla. Em qualquer enciclopédia o leitor poderá encontrar como foi feito este plano. Chamava-se INQUISICÃO. Durou mais de 1200 anos e matou mais de 50.000.000 (cinqüenta milhões) de anabatistas em todo o mundo. Vejamos o relato da enciclopédia BARSA sobre a Inquisição:
"Se bem que a Inquisição só se apresentasse em plena pujança no século XIII, suas origens, contudo, remontam o século IV. A partir de então data a perseguição aqueles que não aceitavam o credo católico. Tinham seus bens confiscados e eram condenados a morte. As perseguições foram acentuadas no século IV e V. Do século VI ao IX as perseguições diminuíram. Aumentou porém, a partir da ultima parte do século X, registrando então numerosos casos de execuções de hereges, na fogueira ou por estrangulamento. O papa Inocencio III (1198-1215) foi responsável por uma cruzada contra os albingenses (anabatistas do sul da Franca), após a qual praticou execuções em massa".
Note na frase acima: "suas origens remontam o século IV". Foi justamente neste período - após 313 A.D - que os cristãos heréticos, por terem unido a Igreja com o Estado, conseguiram forcas para destruir os cristãos fiéis. Fica claro segundo este relato da BARSA que o motivo ou a intenção dos cristãos heréticos era a de exterminar os anabatistas, e o método que usaram foi a famosa INQUISICÃO.
No mesmo relato mencionado somos informados que as perseguições foram acentuadas nos séculos IV e V. Só Deus sabe quantos cristãos fiéis foram rudemente assassinados. Quando diz que "do século VI ao IX as perseguições diminuíram", não foi pelo fato de haver misericórdia por parte dos católicos. Quer dizer que não tinham tantos anabatistas para eles matarem, pois, após trezentos anos de perseguição e genocídio, ficaram poucos para contarem a história. A partir do século X, lá pelos anos 900, quando em alguns países o números de anabatistas aumentava, a perseguição recrudescia, ou seja, era mais sanguinária.
Um dos motivos que no século XVI os anabatistas apareceram em grande número na Alemanha, Boêmia, Países Baixos e Inglaterra, é que nestes lugares a Inquisição era bem menor. No sul da Europa, devido a influencia papal, era quase impossível um anabatista sobreviver.
Sem a liberdade de cultos e com a vida constantemente ameaçada os anabatistas só tiveram uma saída. Fugir para os montes e lugares distantes. Fugir da inquisição promovida pela ira e maldade papal.

O motivo pelo qual os anabatistas eram perseguidos foram:
- insubmissão a hierarquia religiosa;
- Não aceitação do batismo como um sacramento ou algo que tenha a ver com
a salvação;
- pregar que a salvação é só pela graça sem a ajuda das obras;
- negar o culto aos santos;
- negar que Maria é mãe de Deus;

quarta-feira, 3 de abril de 2013

História da Igreja - Parte III

A DIVISÃO DAS IGREJAS TORNA-SE INEVITÁVEL

As Igrejas Erradas Recusam-se a Voltar as Origens

Apesar destes dois erros terem invadido as igrejas de Cristo, houve muitas, senão a maioria, que não admitiam os tais. Houve tentativas no sentido de trazer as igrejas desviadas de volta ao verdadeiro costume bíblico. Entretanto o poder político das igrejas fiéis era quase nada. A maioria destas igrejas eram pequenas congregações, e seus pastores, homens simples com o único objetivo de fazer a vontade de Deus. Alguns não eram tão simples assim, como o pastor Montano, que veementemente pregou em toda a Ásia contra essas heresias (160 d.C.) e Tertuliano (a partir de 202 d.C.) no ocidente. Este último chegou mesmo a desafiar várias vezes os pastores heréticos, principalmente o de Roma, a voltar a obedecer as escrituras.
As Igrejas Fiéis Resolvem Tomar Uma Atitude
O fato é que as igrejas erradas ou heréticas não voltaram a obedecer a Bíblia. Pior. Conforme os anos passavam mais erradas elas se tornaram. O assunto chegou a um ponto que as igrejas certas deixaram de aceitar os membros vindos das igrejas heréticas. Essa não aceitação, que a luz das escrituras é recomendada - pois se alguém crê que o batismo salva deixa de acreditar que só Jesus salva - foi acrescida com o rebatismo dos membros vindos das igrejas desobedientes. Daí ter surgido o apelido "anabatista" para os seguidores de Montano e principalmente para as igrejas da Ásia Menor.
A Exclusão das Igrejas Erradas é o Único Caminho
O rebatismo dos membros vindos das igrejas erradas acabou se tornando o objeto da divisão da cristandade. As igrejas erradas por serem grandes, mais famosas e politicamente mais aceitas, não aceitaram passivamente a atitude das igrejas que rebatizavam seus membros. Iniciou-se grandes controvérsias a respeito do assunto. Realizaram muitos concílios para tentar resolver a situação. Dois deles se deram em Cartago em 225, um composto de 18 e o outro de 71 pastores, em ambas as assembléias ficou decidido que o batismo dos heréticos - que pregavam a salvação pelo batismo e iniciavam o sistema hierárquico católico - não devia ser considerado como válido. Os historiadores McClintock e Strong comentam como se deu essa desfraternização: V.I pg 210.
"Na Ásia Menor e na África, onde por muito tempo rugiu amargamente o espírito da controvérsia, o batismo só foi considerado válido quando administrado na igreja correta. Tão alto foram as disputas sobre a questão, que dois sínodos se convocaram para investigá-la. Um em Icônio e outro em Sínada da Frígia, os quais confirmaram a opinião da invalidade do batismo herético. Da Ásia passou a questão à África do Norte. Tertuliano concordou com a decisão dos concílios asiáticos em oposição à prática da igreja Romana. Agripino convocou um concílio em Cartago, o qual chegou a uma decisão semelhante aos da Ásia. Assim ficou a matéria até Estevão, bispo de Roma, no ano de 253, provocado pela ambição, que procedeu em excomungar os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, aplicando-lhes os epítetos de rebatizadores e anabatistas".
Fica evidente que entre as igrejas erradas estava a de Roma. Sendo assim ela foi excluída no ano de 225 juntamente com as outras igrejas heréticas. A atitude do bispo romano de excluir os pastores da Ásia mostra a que ponto estava sua vontade de assenhorar-se do rebanho de Deus. Mas sua atitude de nada valeria, pois, um membro excluído não pode excluir ninguém. Outro historiador, Neander, V.I pg 318, tem o seguinte relato sobre estes acontecimentos:
"Mas aqui, outra vez foi um bispo romano, Estevão, que instigado pelo espírito de arrogância eclesiástica, dominação e zelo, sem conhecimento, ligou a este ponto (salvação pelo batismo), uma importância dominante. Daí, para o fim do ano de 253, lavrou uma sentença de excomunhão contra os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, estigmatando-os como anabatistas, um nome, contudo, que eles podiam afirmar que não mereciam por seus princípios: porque não era o seu desejo administrar um segundo batismo aqueles que tinham sido batizados, mas disputavam que o prévio batismo dado por hereges não podia ser reconhecido como verdadeiro. Isto induziu Cipriano, o bispo a propor o ponto para a discussão em dois sínodos reunidos em Cartago em 225 A.D. um composto de 18, outro de 71 pastores, ambas as assembléias declarando-se a favor das idéias de que o batismo de heréticos não devia ser considerado como válido".
Num resumo simples destes dois relatos verifica-se que, no ano de 225 A.D., as igrejas reúnem-se em concílios e decide a exclusão das igrejas que administravam o batismo como forma de salvação, que eram, justamente, as igrejas que admitiam um bispo monárquico sobre as igrejas. Entre as igrejas erradas estão as de Roma, Antioquia, Cartago e muitas outras. Entre as igrejas fiéis estão uma muito conhecida pelos estudantes da Bíblia, a igreja de Éfeso.

O RESULTADO DA DESFRATERNIZAÇÃO DOS CRISTÃOS

A partir desta data, 253 d.C. as igrejas de Cristo se dividiram em dois grandes blocos. Os anabatistas, assim chamados por não aceitarem o batismo das igrejas erradas, e os católicos, nome dado as igrejas heréticas desde o ano de l70 por Inácio, pastor de Antioquia. O futuro destes dois grupos deu razão aos fiéis o fato de terem excluído os demais. Com o passar do tempo as igrejas erradas, como veremos, multiplicou ainda mais suas heresias. Enquanto isso, vivendo conforme as escrituras, os cristãos anabatistas lutavam para sobreviver e manter de pé as chamas do evangelho.

A ORIGEM DOS "ANABATISTAS"

QUEM FORAM OS ANABATISTAS?
Nos livros de história e em muitas enciclopédias encontraremos algumas notas sobre quem foram os anabatistas. Em alguns livros são chamados de "dissidentes", e em outros de "seita de heréticos". Há escritores que não querendo se comprometer com sua maioria de leitores católicos ou protestantes, chama-os de "fanáticos religiosos".
Observando estas poucas entre muitas referencias erradas sobre eles, podemos analisar cuidadosamente. Eram dissidentes? Não. Dissidente é uma pessoa que se separa de outro por algum motivo. Eles não se separaram de ninguém. Apenas não concordavam com heresias dentro da igreja. Se uma igreja tem 20 membros. Quinze resolve mudar a fé. Cinco permanecem fiéis. Quem dissidiu? Os quinze que estão no erro ou os cinco que permaneceram fiéis? É evidente que dissidente é aquele que saiu daquilo que está certo e firmado.
Chamá-los de um ajuntamento de heréticos é o mesmo que chamar os apóstolos de heréticos. Não foram os anabatistas que mudaram de fé. Nunca foi a intenção de um anabatista mudar aquilo que Deus ordenou. Heréticos foram os pastores e membros das igrejas erradas, os mesmos que posteriormente foram conhecidos como católicos. Os anabatistas não eram uma facção de cristãos. Eles eram os verdadeiros cristãos. Portanto, seita foi a igreja - Católica - que surgiu tendo como membros indivíduos e pastores excluídos por motivos biblicamente corretos.
Também não eram fanáticos religiosos. Seguir a Cristo como manda as escrituras não é ser fanático, é ser discípulo verdadeiro. Discordar de heresias não é fanatismo, é zelo pela palavra de Deus. Seria os apóstolos fanáticos? Zaqueu foi um fanático por querer fazer a vontade de Deus? Paulo foi um fanático quando condenou a idolatria? Pedro foi um fanático quando discordou da salvação pelas obras? De forma alguma. A maior prova de que os anabatistas não eram fanáticos está no exemplo dos primeiros cristãos mencionados no livro de Atos.
Podemos afirmar com certeza que os anabatistas foram os verdadeiros seguidores de Jesus entre os anos de 225 até os anos de 1600. Homens que amavam servir a Cristo. Eram cristãos que não concordavam com o erro grotesco de ver pessoas acreditando que o batismo ajudava na salvação; Cristãos que não aceitavam em ver um bispo monárquico querendo mandar no rebanho de Deus. Igrejas que tiveram a coragem de excluir do meio cristão original as igrejas heréticas. Foram eles os autênticos sucessores dos apóstolos na obediência a Jesus e a sua Palavra.

O QUE SIGNIFICA ESTE APELIDO?
O próprio título confessa que o sobrenome dado aos cristãos fiéis - anabatistas - é um apelido, e tem tudo a ver com o propósito para o qual ele foi dado. Anabatistas é uma palavra grega que significa "batizar outra vez". O prefixo "ana" quer dizer outra vez, e a raiz "batista" significa mergulhar ou batizar nas águas. Assim, quando uma igreja era chamada de anabatista por outra, significava que ela batizava outra vez os membros vindos das igrejas erradas.

ONDE E QUANDO SURGIU ESTE APELIDO?
Este apelido foi usado pela primeira vez na Ásia Menor para distinguir nesta região as igrejas fiéis das erradas. O local mais aceito como sua origem é na Frígia, local de onde saiu o pastor Montano para pregar contra os dois erros mencionados no segundo capítulo, os quais, corrompiam as igrejas cristãs. Montano foi um pastor muito itinerante, e por isso sua mensagem se esparramou por toda Ásia Menor, fazendo que as igrejas dessa região permanecessem fiéis a doutrina recebida pelos apóstolos. Montano viveu cerca de 156 A.D. Foi justamente nessa época que as igrejas da Ásia Menor resolveram rebatizar membros vindos de igrejas erradas. Então pela primeira vez uma igreja foi conhecida como "anabatista".
Oficialmente ele é usado em 253 A.D., pelo bispo romano Estevão que, indignado com o fato de ver sua igreja excluída pelas igrejas da Ásia, resolveu chamá-las de "anabatistas". O fato é que depois do bispo romano ter se manifestado, todas as igrejas que não concordavam com a idéia de Salvação através do batismo e da necessidade de um bispo monárquico, foram conhecidas como anabatistas.

O POR QUE DESTE APELIDO
Talvez o leitor esteja confuso e pergunte o por que dos cristãos ter a necessidade de receberem outro apelido além de cristão.
Um crente fiel ao Senhor tem muito amor aos ensinos da Bíblia. Jesus ao enviar a grande comissão dá três ordens: Fazer discípulos; batizar; e ensinar as coisas que ele ordenou; Então, uma igreja fiel irá: pregar, batizar e ensinar o que ele ordenou. Note que ele diz: "vos tenho ordenado". Ordem é ordem. Mandamentos são mandamentos. A igreja não pode fazer aquilo que não lhe foi ordenado, mas somente o que Jesus mandou. Por isso as igrejas fiéis não podiam e nem podem se submeter a erros heréticos como mudar o plano de salvação e a chefia da igreja!
A exclusão das igrejas erradas em 225 A.D. pelas igrejas fiéis foi uma atitude necessária para a conservação do evangelho puro e original. Assim como um membro profano deve ser excluído do seio da igreja, da mesma forma uma igreja profana deve ser excluída da comunhão com as outras igrejas fiéis. O próprio Senhor Jesus nos ensina no livro de Apocalipse que o simples fato de uma igreja não ser fria nem quente é motivo de ser "vomitada". Queiram os ecumênicos ou não, já no segundo século havia dois tipos de cristãos: os fiéis ao evangelho e os infiéis. Os infiéis, excluídos em 225, já não tinham mais o direito de batizar, ao menos que se reconciliassem. Como isso não aconteceu perderam totalmente a ordem do batismo. Aceitar o batismo de uma igreja excluída é o mesmo que aceitar que um crente excluído saia por aí batizando todo mundo. Conclui-se que o rebatismo de membros vindos de uma igreja excluída é algo necessário, pois quem não recebe o batismo de uma igreja biblicamente aceita, não recebeu o batismo cristão.
Portanto, o apelido anabatista, só apareceu porque as igrejas erradas não quiseram arrepender-se de seus erros. Além do que, não se chamaram assim, mas foram pelas igrejas erradas assim chamados. O fato dos anabatistas não terem repudiado o apelido significa que o mesmo estava de acordo com uma realidade da época, ou seja, precisava ter rebatizadores para enfrentar as heresias das igrejas erradas.