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segunda-feira, 17 de junho de 2013

História da Igreja - Parte VIII

AS DIVISÕES ENTRE OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Muitos há que condenam o movimento anabatista do século XVI dizendo que eles por algum tempo apelavam para a violência. Os que assim pensam se esquecem que toda igreja tem seu lado ruim. Veja a Igreja de Jesus. Não havia lá o Judas? Era Judas o verdadeiro representante da igreja ou um membro errado? Sim, os anabatistas tiveram membros e pastores que não honravam suas doutrinas. E eram justamente aqueles que estavam misturados com as revoluções luteranas, calvinistas e zuinglianas. Foi o caso de Melchior. Dickens afirma no seu livro A Reforma, pg 142 sobre ele:
"Pode-se dizer que a Confissão de Schleitheim, no seu conjunto, contém muitas posições características e que era aceita pela maior parte dos anabatistas. Fora dela havia muitos preceitos religiosos ou sociais não aceitos por todos eles e sujeitos a controvérsias. Doutrinas não incluídas na confissão eram rigorosamente sustentadas por certas comunidades, como a cristologia Melchiorita."
Para quem não sabe Melchior Hoffiman é acusado de ser anabatista e de fazer um levante contra o Estado de Lutero na Alemanha. Dickens considera-o "sectários e extremistas à margem do anabatismo" (A Reforma pg 143). O historiador Christian diz que ele nunca foi um anabatista.
Hoje estamos vivendo uma situação parecida. São batistas aqueles que se dizem batistas e não honram os artigos de fé bíblicos? São batistas os batistas que acreditam na salvação pelas obras? São batistas os que acreditam na salvação pela guarda do sábado? Porém na parede da frente de suas igrejas está escrito: Igreja Batista. É batista quem realmente vive como um batista deve viver. Foi o caso dos anabatistas do século XVI. Uma maçã podre não invalida as maçãs boas.

OS ANABATISTAS E LUTERO
Os anabatistas do século XVI e o reformador católico Martinho Lutero escreveram uma página especial do cristianismo neste período. Quando Lutero iniciou o seu movimento encontrou nos anabatistas um apoio antipapista. Tinham de comum o fato de saberem que o papa era um servo de Satanás. Muitos anabatistas migraram-se para a Alemanha animados com o discurso antipapista de Lutero. A decepção não demorou a chegar. Quando Lutero conseguiu o poder temporal ele passou a perseguir os anabatistas. Primeiro usando discursos inflamados. Depois usou a intimidação. E por fim, usou a força. Para decepção de muitos de seus admiradores, Lutero não ficou devendo nada a nenhum papa em questão de crueldade contra os anabatistas. Veja alguns relatos sobre a perseguição de Lutero aos camponeses anabatistas feitas pelo escritor Stefan Zweig em seu livro Os caminhos da Verdade, páginas 184 e 198:
"Lutero abraçava, sem restrições e definitivamente, a causa da autoridade contra o povo. O asno, dizia ele, precisa de pauladas; a plebe deve ser governada com a força... Iniciava-se já a perseguição aos livres pensadores e aos dissidentes, instaurava-se a ditadura do partidarismo... Arrancava-se a língua aos anabatistas, atenazavam-se com ferros candentes e condenavam-se a fogueira como hereges os pregadores, profanavam-se os templos, queimavam-se os livros e incendiavam-se as cidades."
Lutero não pode ser visto como um defensor da causa de Deus. Tampouco alguém que resgatou o direito de ler a Bíblia. Não, de forma alguma. Ditadores não são homens de Deus. Homens que matam por causa de doutrina não são homens de Deus. Não vemos Jesus arrancar a língua de ninguém para pregar o evangelho. Porque então seus pregadores agiriam dessa forma? Lutero perseguiu os anabatistas porque estes não se sujeitaram a seus caprichos de ditador.
Em Abril de 1525, por ordem de Lutero, o qual chegou a redigir um panfleto, numa linguagem violenta contra os anabatistas, pediu que seus súditos colocassem fim na desordem anabatista que atormentava o seu país. Naquele mês mais de cem mil anabatistas morreram assassinados pelos soldados luteranos. Essa é a verdadeira história sobre os anabatistas e Lutero.

OS ANABATISTAS E CALVINO
A relação entre Calvino e os anabatistas do século XVI não foram diferentes da que houve com Lutero. Todo revolucionário tem a tendência de se tornar um ditador. Aconteceu primeiro com Lutero na Alemanha. Pouco depois aconteceu com Calvino na cidade de Genebra. Nos livros que temos sobre a reforma não se pode esconder os atos de atrocidades que Calvino cometeu contra feiticeiros, humanistas e aos anabatistas residentes em sua cidade. No livro O Cristianismo Através dos Séculos, pg 254, diz que:
"Para garantir a eficácia de seu sistema (o sistema de uma cidade santa), Calvino estabeleceu penalidades severas. Vinte oito pessoas foram executadas e setenta e seis exiladas em 1546."
Temos o relato de uma testemunha ocular dos fatos, chamado Sebastião Castellio, que fora um pastor Calvinista e tornou-se depois um humanista, abandonando seu ministério devido a evidencias tais quais temos a seguir:
"Revolta-me o exemplo de como se procede nesta cidade o emprego da violência contra os anabatistas. Eu mesmo vi arrastarem para o cadafalso uma mulher de oitenta anos com sua filha, esta mãe de seis filhos, que não cometeu outro crime senão o de negar o batismo das crianças." (Extraído do livro Uma Consciência Contra a Violência, página 115).
Se Calvino fosse um homem de Deus certamente agiria como a Bíblia ensina. Saberia que somente teremos uma cidade perfeita quando estivermos no céu. Saberia conceder a liberdade religiosa a seus concidadãos. Saberia que lugar de pastor não é no comando de cidades e sim conduzindo o seu rebanho. Quem manda matar a mãe de seis crianças por não aceitarem o erro do batismo infantil não pode ser um homem da dispensação da graça. Os verdadeiros batistas não tem nada a ver com o calvinismo.

OS ANABATISTAS E ZUINGLIO
Zwinglio foi um grande reformador e da mesma época que Lutero. Zurique foi a cidade que ele escolheu para fazer notório o seu movimento reformador. Muitos anabatistas foram para lá pensando justamente na liberdade religiosa que os reformadores pregavam antes de se tornarem cruéis ditadores. No começo houve uma grande amizade entre os anabatistas (principalmente os valdenses) e os simpatizantes de Zwinglio. Muitos anabatistas inclinaram-se para o zwinglianismo, principalmente em setembro de 1532. Parece que a maioria dos valdenses seguiram Zwinglio por este tempo. Mas foram decepcionados. Zwinglio aceitou a adesão dos que queriam, mas condenou aqueles que não quiseram se juntar a ele.
Assim que Zurique ficou em suas mãos, Zwinglio iniciou uma perseguição contra os indomáveis anabatistas. Por sua ordem o senado promulgou uma lei, segundo a qual, aquele que se atrevesse a batizar alguém que tivesse sido batizado antes, na infância, fosse afogado. Suas idéias se espalharam por todas as cidades suíças de ascendência alemã, e consequentemente, nestes lugares, os anabatistas eram afogados por batizarem seus membros.

PORQUE OS ANABATISTAS NÃO SE UNIRAM COM OS REFORMADORES?
Uma igreja que representa a pura doutrina deixada pelo Senhor Jesus não poderia se unir com nenhum movimento reformador do século XVI. Primeiro porque como o próprio nome diz, era uma reforma da igreja Católica. Se queriam reformá-la é porque admitiam que ela era uma igreja de Jesus, quando na verdade tinha deixado de ser desde 225. Segundo porque quando os reformadores vieram da igreja Católica não houve entre seus pastores iniciantes uma conversão de seus pecados. O que houve foi uma convicção da parte deles de que a igreja católica estava errada. Até os católicos tinham essa convicção. Terceiro que, não se convertendo, também não foram e nem podiam ser batizados, ordenança pela qual um crente professa publicamente que está aceitando Jesus e sua Igreja. Se não foram batizados com que autoridade podiam ministrar o batismo ou passar esta autoridade a outros?
As igrejas que saíram da reforma cometiam erros que jamais podiam ser aceitos como sendo realizados pela igreja de Jesus. O primeiro é o batismo infantil. Todas as igrejas da Reforma batizavam crianças recém-nascidas. A Igreja de Jesus nunca realizou e nem permitiu o batismo infantil. O segundo erro é a formação de uma igreja oficial. Por exemplo: Luterana na Alemanha; Anglicana na Inglaterra; Presbiteriana na Escócia; Jesus nunca quis casar sua igreja com o Estado. Antes ensinou: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Terceiro é a formação de uma hierarquia dentro da igreja, colocando uma igreja acima da outra e pastores comandando outros pastores. O quarto erro é o uso de armas para impedir a liberdade religiosa e se meter em guerras contra católicos. O quinto erro é o de praticarem o batismo por aspersão e não por imersão. Por estes e outros motivos os anabatistas jamais poderiam ter se aliado com as igrejas da reforma.
 
A OPNIÃO DE HISTORIADORES DA IGREJA SOBRE OS ANABATISTAS
Apesar de não concordar com os historiadores convencionais a respeito da história dos anabatistas (pois eles tratam os tais como dissidentes e hereges), penso ser importante a opinião destes homens sobre os anabatistas.
A opinião de A.G. Dickens, no livro a Reforma:
"Durante os últimos anos fizeram-se estudos que nos levam a ver com novo respeito o sopro do idealismo cristão que alimentava os anabatistas. As horríveis crueldades de que foram alvo por parte dos católicos e dos protestantes chocam mesmo aqueles que os estudos dos costumes do século XVI endureceu... a maioria destes sectários era constituída por homens sinceros e pacíficos, que teriam podido ser dirigidos sem recorrer ao fogo e ao afogamento... Haveria muito a dizer, se nos quiséssemos referir aos seus descendentes espirituais, as seitas do século XVII, da Inglaterra e da Nova Inglaterra (os batistas e menonitas), e para podermos afirmar que os anabatistas deram grande contribuição a liberdade religiosa e cívica." (página 143).
"Uma revisão realista obriga-nos a acrescentar que nenhuma outra seita religiosa mostrou maior heroísmo passivo, face à perseguição." (página 141).
Quando afirmamos que os anabatistas são os sucessores autênticos dos apóstolos não estamos idealizando uma fantasia. Estamos relatando uma verdade que jamais será publicada nos livros de história eclesiástica.

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